quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mudando o blog para blog.hltbra.net

Depois de ler o livro The Elements of Style eu decidi começar a blogar em inglês, e agora eu estou com um blog usando Jekyll + Disqus + Amazon S3 + Amazon EC2 em blog.hltbra.net.



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Meu Começo: Linguagem C


Acabaram de me pedir "orientações", e eu comecei a me lembrar do que eu estudei quando estava começando a programar.

Resolvi colocar nesse post um resumo do meu início, e fazer algumas recomendações.

Eu comecei a me interessar por computadores logo que ganhei o meu primeiro, quando eu tinha 10 anos, e o que eu mais gostava de fazer era ficar no mIRC nos fins-de-semana e madrugada. Até que um dia, o irmão de um amigo meu resolveu falar pra eu começar a aprender a programar, e me passou uma apostila de C da UFMG.


Primeira apostila: Apostila de C da UFMG

Eu nem sabia o que era linguagem, e já fui estudando umas apostilas de lógica que eu achava na internet, e logo em seguida comecei a estudar a tal apostila de C da UFMG que o Vitor Padilha havia me recomendado. Eu tinha uns 12 anos, e não entendia muita coisa, aí brinquei uma ou duas semanas e desisti. Me senti um merda. Fiquei brincando com mIRC scripting até que com uns 13 pra 14 eu resolvi voltar a aprender a programar.

Eu sempre usei IRC, e na época eu usava a BrasNet. Muitas pessoas do #C me ajudaram na época, inclusive pessoas de comunidades do Orkut, como o professor Paulo Motta, que me ajudou muito no meu início, via MSN/Gtalk.

Eu fiquei nessa de aprender por mais de um ano, e nesse meio tempo muita coisa, tudo pelas dicas da galera da BrasNet.

A apostila de C da UFMG sempre foi uma lenda, e muitas pessoas a recomendam até hoje! Depois de estudar muito C, vi que ela é legal para dar uma passada superficial pela linguagem, mas não é tão legal pra ter como referência.

Eu não a recomendaria hoje em dia.


Primeiro livro: C Completo e Total

O Paulo falava muito sobre esse livro, e eu decidi baixar e começar a lê-lo no computador. O livro é uma bíblia, tem umas 800 páginas!
Tem muita coisa interessante no livro que não está totalmente ligado a linguagem C - no início eu me lembro de explicações sobre stack, heap e etc, que achei muito legal, pois eu não havia lido isso em lugar nenhum. Acho que foi fundamental eu ter gasto meses nesse livro, e com certeza aprendi muito com ele.

Um ponto fraco do livro é que tem muitos exemplos de coisas que só funcionam com bibliotecas da Borland no sistema, e algumas péssimas práticas.

É um livro razoável pra ter como referência.


O melhor: The C Programming Language, 2nd edition

O livro é muito foda. É o melhor material sobre C (c89/k&r) que eu já li até hoje. O livro é bem pequeno, mas é fantástico. Os autores são: Dennis Ritchie e Brian Kernighan, duas lendas, e ambos autores do UNIX.
É uma ótima leitura, recomendo a todos que querem aprender C, lê-lo. Ele é conhecido como K&R2.

Há poucos dias o Zed Shaw fez umas críticas a esse livro no twitter, falando sobre algumas má praticas usadas em exemplos do livro.
Eu concordo com o Shaw em alguns pontos, mas os exemplos são muito sucintos e adequados, e isso facilita muito pra quem está aprendendo.

É claro que há muita coisa de C que só é possível aprender lendo código e conversando com pessoas. Por isso eu recomendo frequentar o canal ##c na Freenode, pra quem está aprendendo C. Já obtive muita ajuda lá também (depois que eu parei de usar a BrasNet).


Muitas Man Pages

Essa semana eu estava conversando no almoço com alguns amigos da Globo.com sobre documentação de linguagens, e eu falei sobre o meu início, em que eu tinha um Slackware numa máquina virtual,
e usava internet discada, e logo, tudo o que eu tinha pra estudar C eram as man pages.

São documentações EXCELENTES. Segundo o Everton Carpes, o motivo disso é a maturidade, já que a GLIBC tem uns 30 anos.

Recomendo muito que todos aprendam a fazer consultas pelas man pages, antes de ir ao Google.

Antes que eu me esqueça: leiam a man page do scanf, ele é muito mais poderoso do que os livros mostram.


Lendo código dos outros

Como eu não poderia deixar de falar, ler código dos outros é uma das melhores maneiras de aprender uma linguagem nova.

Um que me marcou foi o código do MINIX. Eu, obviamente não entendia nada de sistema operacionais, mas eu queria ver como programadores C de verdade escreviam código, e lá aprendi alguns padrões que eram usados na época, alguns truques com pré-processador e etc.

Na época o host de projetos opensource mais famoso era o SourceForge, e de lá eu já baixei muito código pra ler, e me lembro de um ircbot que o Isaque Dutra estava escrevendo em C, eu comecei a hackear pra aprender como funcionava a comunicação pela rede, e era tão newbie que nem sabia usar o CVS (que era o SCM usado no SourceForge naquela época).


Conclusão

Acho que é fundamental que todo programador aprenda alguma linguagem que seja de mais baixo nível, como experiência de vida mesmo, porque é necessário aprender a escovar bits e se virar com os poucos recursos existentes.

Apesar de ter estudado muito C, nunca escrevi nenhuma biblioteca/framework interessante em C,
mas sinto que criei uma base bem sólida pra evoluir desde então.





terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sprint de Tradução do Python 3000 pra pt-BR

Vendo alguns tweets acabei me deparando com o projeto do Robert Lehmann, que está desenvolvendo um mecanismo de i18n pra ser usado no Sphinx. A idéia é tornar possível sites como o http://docs.python.org usarem os mesmos .rst, porém, com apoio de arquivos .po, pra gerar sites traduzidos.

Achei a idéia muito boa, afinal, muita gente tem necessidade de traduzir documentação gerada com o Sphinx pra diversas línguas. A idéia é que as traduções sejam simples de serem executadas. Assim, ele está usando um software de tradução colaborativa web, o Pootle.

Alguns dias depois de ver a notícia me veio a cabeça: Por que não tentar um sprint pra traduzir o máximo que nós pudermos pra pt-BR? Afinal, a comunidade de pythonistas brasileiras é muito grande!
Foi assim que eu envei uma chamada pra lista da PythonBrasil, convidando todos a participarem de um sprint numa quarta-feira (14/07/2010), às 19h no canal #python-docs-br na Freenode.

Alguns amigos e ex-amigos de trabalho já estavam traduzindo algumas strings la na instância do Pootle que o Robert criou e foi fácil achar gente pra ajudar :-)


Como foi o Sprint

Eu não tinha muita idéia de como seria o sprint, mas eu tinha o que eu precisava: gente disposta a ajudar e que sabia inglês. O sprint foi totalmente colaborativo, e todo mundo se ajudou. O Robert ficou presente no canal do início ao fim - ele gostou muito da idéia do sprint.

Nós fomos os primeiros a usar massivamente o sistema, e vimos algumas coisas que dificultaram as traduções e que esperamos que nos próximos encontros não tenhamos os mesmos problemas.

Infelizmente, muita gente apareceu bem depois que nós já havíamos iniciado e algumas pessoas não puderam ficar no momento da tradução. Outro problema foi que acabou não dando tempo de revisar muita coisa, pois o Pootle dificultou um pouco achar os tópicos dentro do .po.


Os documentos

Nós acabamos por usar uns sites que disponibilizavam documentos colaborativos. Tentamos o Typewith.me primeiro, mas ele não estava aguentando muita gente no mesmo documento. Optamos por usar o Collabedit.com.

Para evitar que o documento seja alterado, disponibilizei-o aqui: http://gist.github.com/506293


Participantes

Algumas pessoas estavam presentes mas acabaram não traduzindo nada no sprint, porém, muita gente tem traduzido esporadicamente um pouco lá no site.

Estavam no canal na hora do sprint e adicionaram seu nomes:


  • Hugo Lopes Tavares (hugo_br)
  • Renato de Pontes Pereira (renatopp)
  • Diógenes Augusto Fernandes Hermínio (diofeher)
  • Hugo Henriques Maia Vieira (hugomaiavieira)
  • Gabriel Manhães Monnerat (gmonnerat)
  • Gabriel Lima de Oliveira (gabrieloliveira)
  • Herman da Rosa Caldara (herman)
  • André Ericson (ShexNivis)
  • Jonh Edson Ribeiro de Carvalho (jonhedson)
  • Daniel Gonçalves (spanazzi)
  • Osvaldo M Yasuda (omyasuda)
  • Robert Lehmann (stargaming)

O Pŕoximo

Ainda não marcamos, mas acabei de olhar meus e-mails e vi que a galera já está querendo outro!

E aí, vamos aproveitar e contribuir com nossa comunidade? :)



domingo, 11 de julho de 2010

Mini-sprint pra tradução da documentação do Python

Depois de ver os esforços de Robert Lehmann para criar um mecanismo de i18n pro Sphinx, de forma a tornar possível manter múltiplas traduções da documentação oficial do Python eu decidi dar uma olhada no site e acabei traduzindo algumas strings.

Bem, a primeira coisa que eu notei foi que o meu amigo Hugo Maia Vieira já havia traduzido alguns arquivos e pareceu ter grandes interesses em traduzir a documentação.

Entrei em contato com o Robert hoje, perguntando sobre o sitema que ele está criando e sobre quão estável está o sistema de traduções. Ele deixou bem claro que está totalmente em beta, mas que haveria possibilidades de criar traduções, e que era pra eu avisá-lo quando eu fosse alterar uma quantidade grande de arquivos, que ele iria tentar não fazer bagunça no sistema :)


A Idéia de um Mini-Sprint
Há pouco tempo o pessoal da Python Software Foundation começou a patrocinar sprints, começando com o Packaging Sprint, em Montréal. Dois caras do projeto distutils, também participantes do Google Summer of Code 2010, fizeram um mini-sprint há poucos dias, e parece que foi bem interessante.

Pois bem, eu tive a idéia de fazer um mini-sprint pra traduzir um pouco da documentação do Python 3, e ver que bicho dá.

A comunidade brasileira de Python é imensa, e eu creio que essas traduções serão úteis a todos. Além disso, se conseguirmos realizar com sucesso o sprint, seremos pioneiros!

Além do mais, é uma forma de ajudar o Robert com idéias de como facilitar a forma que as traduções são feitas.


Onde e Quando
Estou pensando em organizar o mini-sprint na quarta-feira (14/07/2010), começando às 19:00 e terminando no máximo 23:00, chat através do canal #python-docs-br, na rede Freenode.

Os documentos que eu vejo como mais importantes são (não nessa ordem):
  • tutorial
  • faq
  • library
  • howto
  • whatsnew
  • install
  • using
  • glossary
  • reference

Como Participar
Basta aparecer no canal #python-docs-br na Freenode antes das 19:00, no dia 14/07/2010 e dizer que quer participar!

Crie uma conta no http://pootle.python.org/ e comece a brincar um pouco pra ver como é o sistema, assim no Sprint teremos menos problemas.

domingo, 13 de junho de 2010

My first 2 weeks in Google Summer of Code (May 24 - June 4)


My Acceptance in Google Summer of Code

My proposal has been sent to Python Software Foundation, to work on Pip, and my abstract was:
"The goal is to make pip less error-prone, work well in python2.x and
python3.x, make the tests more internet-independent, run platform
independently, add needed features by developers, write more
documentation and make people love it and see that easy_install's age
has gone."


I was very happy because my proposal was accepted and now I can work in a well known opensource project, with different people around the world working with me - this is a great oportunity Google, PSF and Pip guys are giving me and I will enjoy the most!

So, I got my job started in May 24 and this post is about my first two weeks.


First Two Weeks: Cotinuous Integration Server

My first two weeks were about setting up a continuous integration server with builds for python2.4, python2.5 and python2.6, both in Ubuntu Server 9.10 and Windows 2008 Server. Ian Bicking gave me access to a server (in cloud) and I used Hudson CI Server to create the buids. Access it here: http://ci.cloudsilverlining.org/view/pip

I added some documentation while getting this work done and some other work, related to continuous integration, like some features requests in the Issue Tracker have been done too.


The Meetings

My mentors Carl Meyer, Ian Bicking and Jannis Leidel, decided with me, to have weekly meetings in IRC, on Thursday, 10:00 PM (UTC), in #pip channel at Freenode. I am very lucky, because my mentors are really cool guys, are always helping me and the meetings are informal and I feel free to speak.
We had a meeting through Skype (me, Carl and Ian) and I started it a bit nervous, because it had too long I do not talk only in english to people, but they understood my intentions and the meeting was quick and focused.

The second meeting was with all of them, but just through IRC and it took a bit longer, but we discussed more stuff and for what I realized, I was doing a good job.


The Lesson

I got a lesson from this all: learn by yourself, don't depend on your college/school, learn english as soon as possible and help the community.

I started programming when I was 14. It had a good time learning C and algorithms and getting help through IRC. When I was 16 I started working in a research group, in my school, and I was the youngest guy and I have learned too much there and I knew great people. I learned Python, Agile methods, top technologies and other things with them, and I was still in high school. Now I am in my first college year, 18 years old and I realize that I am lucky, because I thoroughly enjoyed the opportunities I had. And if I've not took english classes when I was younger, I could not have learned what I learnt about computing, software and all around these.


In PyConBrasil 2008 I asked an advice to Bruce Eckel, and his advice was basically: "Do something for the community". And I am doing it since that!

So, my advice to people are starting now: learn english, study by yourself and meet great people!

Thank you all guys, for helping me along my journey!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Prompt colorido e com git branch

Meu terminal (gnome-terminal + bash) está assim no meu Ubuntu 9.10:






Eu alterei a fonte para Monaco 12px, troquei as cores e adicionei ao prompt o branch do repositório que eu estou (caso a pasta seja um repositório git).

E como isso foi feito?




Instalando a Fonte Monaco no Ubuntu



A instalação da fonte Monaco no Ubuntu pode ser feita da seguinte maneira:



sudo mkdir /usr/share/fonts/macfonts
sudo wget http://jorrel.googlepages.com/Monaco_Linux.ttf -O /usr/share/fonts/macfonts/Monaco_Linux.ttf
sudo fc-cache -f -v


O diretório /usr/share/fonts/macfonts será criado, a fonte Monaco_Linux.ttf será colocada em tal diretório e as configurações de fontes do sistema serão atualizadas. Muito simples!


(Créditos do post http://jorrel.blogspot.com/2007/11/monaco-on-ubuntu.html)



Como Adicionar o git branch ao Prompt


No terminal há uma variável de ambiente chamada PS1, ela guarda a mensagem que será apresentada ao usuário do terminal. Imagine a seguinte situação:


hugo@hugo-laptop:~$ echo $PS1
\u@\h:\w$

Isso significa que será mostrado na mensagem o usuário do sistema, um arroba, o hostname, dois pontos, o diretório atual e um cifrão. Em outras palavras, significa dizer que o usuário é identificado por \u, enquanto o hostname é \h e o diretório é \w.


Para personalizar as mensagens é simples, basta alterar o valor da variável PS1! Por exemplo:


hugo@hugo-laptop:~$ pwd
/home/hugo
hugo@hugo-laptop:~$ export PS1="prompt do \u:\w$ "
prompt do hugo:~$ pwd
/home/hugo
prompt do hugo:~$


A idéia é adicionar à mensagem o nome do branch do repositório git. Para saber o nome do branch no git basta um `git branch` e olhar a linha que começa com asterisco. Por exemplo:



hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$ git branch
master
* matchers-as-functions
new_matchers_based_on_hamcrest
nsigustavo_master
rodrigomanhes
separate-matchers
hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$


Se for desejado saber apenas o branch atual, podemos usar o grep pra fazer isso:


hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$ git branch | grep ^\*
* matchers-as-functions
hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$


E se quisermos apenas o nome do branch, sem o asterisco, podemos usar o sed pra remove-lo:


hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$ git branch | grep ^\* | sed 's/\* //'
matchers-as-functions
hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$

Agora já podemos adicionar o nosso branch à mensagem do terminal:


hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$ branch=`git branch 2>/dev/null| grep ^\* | sed 's/\* //'`
hugo@hugo-laptop:~/should-dsl$ export PS1="\u@\h:\w($branch)$ "
hugo@hugo-laptop:~/should-dsl(matchers-as-functions)$

O redirecionamento de erros é pra tratar o caso do comando `git branch` dar um erro, ou seja, a pasta atual não ser um repositório git.



Mas o interessante é ter cores, não!?



Cores no Terminal


É possível usar cores nos terminais unix através de algumas sequências ASCII de cores. Há uma biblioteca, termcolor, que traz esse recurso pro python. Assim, é possível usá-la pra colorir o terminal. Mas no nosso caso vamos ser mais hardcores e lidarmos com as nossas sequências manualmente (porque queremos ser independentes!).



O padrão das sequências de cores é basicamente o seguinte: uma sequência dizendo que se inicia a sequencia, um modificador opcional, a cor, o texto e o finalizador de cor. O que eu quero dizer por modificador é um negrito, por exemplo.



A cor verde, por exemplo, é identificada pelo número 32. A sequência de cores se inicia sempre com um \033[ e sempre termina com um \033[m. Um texto colorido de verde no terminal pode ser feito assim:







Para quem não conseguir visualizar a imagem, o texto no terminal é:


hugo@hugo-laptop:~$ echo -e "\033[32mHello World (verde)\033[m"
Hello World (verde)
hugo@hugo-laptop:~$

Agora chegou a hora de juntar tudo num lugar só!



Mostrando o git branch colorido no prompt


Os comandos aqui usados já foram explicados, então o código segue:


function git_branch_name() {
git branch 2>/dev/null | grep -e '^*' | sed -E 's/^\* (.+)$/(\1) /'
}

function show_colored_git_branch_in_prompt() {
PS1="\[\033[01;32m\]\u@\h:\[\033[01;34m\]\w\[\033[31m\]\$(git_branch_name)\[\033[m\]$ "
}

show_colored_git_branch_in_prompt

Adicione este trecho ao ~/.bashrc e seja feliz!



Caso você queira ver as modificações sem ter que abrir outro terminal, use o comando source:


$ source ~/.bashrc



Peguei a dica nesse post: http://asemanfar.com/Current-Git-Branch-in-Bash-Prompt e alterei algumas coias. Os comentários são excelentes!



Espero que tenham gostado da dica ;-)




Updates:



  • Corrigido PS1 pra ser dinâmico, e não estático
  • Corrigida duplicação de `function`. Valeu Siminino!


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Apresentando Retrospectivas

O que será abordado aqui


Eu participava de retrospectivas e até liderava algumas sem conhecer direito, no final acabava sendo algo que não gerava tanto valor e ficavam palavras ao vento. O que eu apresentar aqui no texto é baseado no capítulo 13 do livro Agile Coaching, "Driving Change with Retrospectives" e nos conhecimentos adquirido blogs e livros a fora.


Introdução



Retrospectivas são usadas desde a era industrial pra analisar o que aconteceu com as equipes e estudar possíveis melhorias. Muitas vezes é criada uma linha do tempo (timeline) pra registrar a evolução da equipe. Em Lean Manufecturing essa prática é conhecida como Kaizen, que significa melhora contínua.




Retrospectiva, segundo o Aurélio é:

s.f. O mesmo que retrospecto


Enquanto retrospecto é definido da seguinte forma:

s.m. Vista ou análise de fato passado.


Segundo a Wikipedia, a palavra retrospectiva vem do latim retrospectare, que significa "olhar pra trás". Ou seja, retrospectivas são nada mais, nada menos, que encontros nos quais o objetivo é olhar os fatos decorridos e tentar encontrar pontos que podem ser melhorados e estudar como aplicar tais melhorias, visando aumentar os ganhos e diminuir os desperdícios.

Henrik Kniberg diz em seu famoso livro Scrum and XP from the Trenches: "Sem retrospectivas você percebe que a equipe continua cometendo os mesmos erros de sempre". Retrospectivas tratam do processo que a equipe utiliza, são uma maneira de identificar onde as coisas não estão saindo como o esperado e estudar como reduzir os problemas.

Muitas equipes que tentam fazer retrospectivas acabam desistindo de fazê-las, pois dizem que não sentiram resultados. O problema é que na verdade quem fez não sabia como fazer uma retrospectiva. Pode parecer estranho, mas justificar pra equipe que restrospectivas são fundamentais não é tão simples. Muita gente entorta o nariz da primeira vez, até ver que funciona.

Segundo Rachel Davies e Liz Sedley, autoras do livro Agile Coaching, as retrospectivas devem ser a primeira prática ágil a ser usada pelas equipes que estão começando a usar métodos ágeis. O motivo é que nas retrospectivas são discutidos vários problemas e durante a próxima iteração a equipe já pode introduzir as mudanças e ver melhorias!

O Papel do Facilitador



Toda retrospectiva precisa de alguém pra facilitar o encontro. Alguém que guie a retrospectiva, que consiga extrair os problemas, idéias e soluções da equipe. Tal pessoa é o facilitador da retrospectiva.

Facilitando uma Retrospectiva



Cada vez que uma iteração termina deve ser feita uma retrospectiva pra abordar os seguintes tópicos:

  • Quais idéias a equipe teve desde a última iteração?
  • Quais áreas a equipe quer focar em melhorar?
  • Em quais idéias eles podem trabalhar na próxima iteração?

Metade do tempo da retrospectiva deve ser gasto olhando pra iteração passada pra ver o que aconteceu e os porquês. Em seguida idéias são levantadas para que possam ser criados planos de ação (action plans), que dizem o que deve ser feito pra implantar melhorias.

Basicamente facilitar uma retrospectiva é isso, e os próximos passos são integrar à próxima iteração as ações mais prioritárias.

Para que uma retrospectiva seja proveitosa, leva tempo e prática. Não adianta tentar consertar muitos problemas numa única iteração - não vai dar certo!

A Retrospectiva Feita nos Dojos



É um costume em coding dojos fazer uma retrospectiva no fim. Sempre que chega no tempo combinado da duração do dojo, é feito uma retrospectiva. A maneira mais básica de fazer a retrospectiva é dividir o quadro (ou flip chart) em duas colunas: O Que Foi Bom, O Que Foi Ruim. Algumas pessoas gostam de colocar uma divisão entre as duas colunas pra pegar informações sobre o que pode ser melhorado.

Um exemplo de uma imagem de retrospectiva de um dojo com duas colunas pode ser visto na seguinte imagem:

Imagem de uma retrospectiva


O problema é que na retrospectiva que acontece nos dojos ficam muitas palavras ao vento. Na maioria das vezes não dá pra criar um plano de ações para melhorar o processo. A retrospectiva acaba ficando mais como lição e compartilhamento de visões, sem ter, de fato, ações de melhorias. O ponto é que a maioria das retrospectivas feitas nos dojos são, a meu ver, mal aproveitadas.



Como Olhar Para O Passado



Há algumas maneiras de recolher informações do passado. O objetivo nesse momento da retrospectiva é entender o que aconteceu, e os membros da equipe precisam compartilhar suas histórias individuais e integrá-las com as dos outros membros. Algumas maneiras de alcançar tal objetivo são:

Linha de tempo colorida: É criada uma linha de tempo no quadro ou em algum lugar onde possa ser colado post-its e escrever os acontecimentos na linha de tempo. Post-its coloridos com frases descritivas são usados para indicar os sentimentos da equipe em determinado lugar na linha de tempo. Normalmente é usada a cor verde para o que foi proveitoso, rosa ou vermelho para o que foi estressante e amarelo para o que for neutro. Talvez seja necessário colocar uma legenda para as cores ao lado da linha de tempo pra que ninguém se perca.

Galeria de arte (art gallery): O facilitador pede a equipe que cada um desenhe uma imagem do que o projeto se parece pra eles, depois cola as imagens em algum lugar visível a todos. Assim que todos terminarem o facilitador pede que cada explique o seu desenho. Pode parecer estranho, mas as pessoas são muito boas em encontrar metáforas pro que é difícil de ser explicado com palavras. Um relato interessante citado no livro Agile Coaching foi de uma retrospectiva em que um membro desenhou um boneco de palitinhos dentro de uma caixa, e quando foi explicar pra equipe o desenho ele disse que era assim que ele se sentia no projeto - ele trabalhou muito isolado dos outros, e era como se ele não fizesse mais parte do projeto.

Há uma variação de art gallery que o Patrick Kua desenvolveu que é muito interessante, o nome é Mr. Squiggle.

Funciona da seguinte maneira: o facilitador desenha alguns traços em papéis (podem ser usados post-its) e entrega um papel pra cada membro da equipe, contendo os mesmos traços criados pelo facilitador. Dê a equipe 5 minutos pra desenharem nos papéis o que o projeto representa pra eles, usando os rabiscos que o facilitador colocou no papel. Depois peça que cada um explique seu desenho para a equipe.

O interessante do Mr. Squiggle é que cada um faz um desenho totalmente diferente, mesmo iniciando com os mesmos traços.

Bad Smells



"If it stinks, change it"
Avó do Kent Beck, discutindo sobre como criar os filhos


Assim como com código, é possível ver Bad Smells em retrospectivas - aqueles indícios de que há algo errado.

Idéias da última iteração são ignoradas É pedido a equipe novas idéias sem discutir o que aconteceu na última iteração. Isso não funciona, pois os problemas são evitados.

Palavras ao vento Vários itens estão nas colunas "O que foi bom" e "O que não foi bom", mas nenhuma ação é tomada em relação aos dados recolhidos. No fim das contas a retrospectiva serviu apenas como uma conversa e lição de vida.

Mudar o mundo Algumas equipes criam listas com coisas a serem melhoradas sem considerar a viabilidade de fazer aquelas ações na próxima iteração. Isso traz desapontamento à equipe, porque não conseguiram fazer o que planejaram, e a cada retrospectiva são adicionadas mais ações.

Ações sem "Donos" Ações que foram criadas e não possuem donos, algo como "Melhorar a comunicação" e "Fazer mais refactoring", não deveriam ser ações, pois são problemas que devem ser trabalhados. Se não houver discussão, a equipe não vai saber como implementar tais "pseudoações".

Falta de tempo para melhorar A equipe leva cinco minutos depois de uma apresentação de uma release ou demo pra conversar brevemente sobre os acontecimentos e chama isso de retrospectiva. Esse é um sinal de que a equipe não vê benefícios em retrospectivas.

Peneirando Informações



Depois que foram recolhidas informações suficientes da equipe é necessário gerar insights. Caso haja alguma informação que ainda não foi compreendida, a equipe deve esclarecê-la - não deve ser pedido diretamente para a pessoa que escreveu a nota explicar, deve ser pedido à equipe. Caso haja frases genéricas como "Ambiente de testes quebrado" ou "Cliente muito ocupado", deve ser pedido exemplos pra tornar mais fácil de ilustrar o problema pra todos.

Depois de andar sobre a timeline procurando por insights é a hora de escolher os tópicos mais importantes pra focar. Uma das técnicas é votação por pontos (dot voting). Cada membro da equipe tem três pontos que pode colocar em qualquer tópico que ache que é mais prioritário - inclusive pode usar os três pontos em um tópico só. Os tópicos com maior pontuação farão parte do planejamento de ações (action planning).

Após extrair os tópicos que a equipe quer focar, procura-se por melhorias no processo que a equipe possa fazer na próxima iteração.

Olhando pro Futuro



A segunda metade da retrospectiva deve olhar pra próxima iteração, que é quando a equipe vai trabalhar o gostaria de mudar no processo. Será necessário mais que concordar que mudanças são necessárias, a equipe deve trabalhar nas ações levantadas pra implantar as mudanças.

Antes de começar a criar ações novas, um tempo deve ser dedicado para revisar o que aconteceu com as ações da última retrospectiva. Se não foram terminadas a equipe precisa entender o motivo antes de adicionar criar mais ações. Na maioria dos casos é porque as ações não tinham dono ou porque a equipe "não teve tempo".

Um tempo deve ser investido na retrospectiva pra trabalhar num plano de ações realista, que seja claro pra todos da equipe. Para que as ações fiquem prontas a equipe precisa terminá-las. O facilitador combina com a equipe quanto tempo será gasto com as melhorias no processo na próxima interação, lembrando que as ações serão feitas enquanto a equipe continua trabalhando no plano do release, ou seja, enquanto continuam a desenvolver software.

Como Criar O Plano de Ações



Assim como no desenvolvimento de software, a equipe deve dar passos de bebê (baby steps) na hora de criar as ações pra serem implementadas na próxima iteração. Nem sempre as ações são problemas que podem ser corrigidos - às vezes são estudos sobre algum problema, estabilizar um estilo de código, etc.

Bas Vodde tem um texto excelente de como criar planos de ação, que as autoras do livro Agile Coaching resumiram no livro.

Para ter ações que funcionam, a equipe precisa, além de identificar o que precisa ser alterado, dizer como serão implementadas as mudanças. O processo de recolher as ações que Bas Vodde usa é o seguinte: cada ação tem um objetivo a longo prazo e uma ação para ser feita agora. Por exemplo:

Objetivo a longo prazo: Ter testes de aceitação automatizados
Ação para agora: Fulano vai automatizar o teste ABC usando XYZ.


No exemplo citado por Bas Vodde a equipe consiste de oito membros. Inicialmente cada membro gera um conjunto de ações - separadamente - cada uma com um objetivo a longo prazo e uma ação para ser feita; a equipe tem 10 minutos pra gerar as ações.

Após geradas as ações, a equipe se divide em duplas. Durante 10 minutos cada dupla agrupa suas ações e seleciona as 5 mais prioritárias.

Depois que as duplas selecionarem 5 ações, são gerados grupos de 4 pessoas. Cada grupo agrupa suas ações e seleciona apenas 4 de todas as 10 ações selecionadas (2 duplas selecionaram 5 ações cada) - durante o limite de 10 minutos.

Para finalizar, a equipe inteira reúne-se e de todas as 8 ações selecionadas (2 grupos de 4 pessoas e cada grupo selecionou 4 ações), seleciona as 3 mais importantes pra serem implementadas na próxima iteração.

A vantagem dessa técnica é que ela reúne tanto esforço individual quanto em grupo, além de ter que haver um consenso entre todos os membros da equipe sobre quais são as prioridades. Devagar e com passos de bebê. Independente do número de ações geradas inicialmente, no fim, apenas três ações são selecionadas. Selecionar ações demais é um erro, que já foi descrito anteriormente como bad smell (Mudar o Mundo).

Depois da retrospectiva as ações precisam ser planejadas na próxima iteração. A equipe combina como serão priorizadas as ações e post-its com as ações podem ser grudados no quadro, para que não sejam esquecidos durante a próxima iteração.

Um Formato Pra Começar



Há vários formatos de retrospectivas, alguns mais complicados que outros. Acima foi descrito um formato, mas não é recomendável que seja usado da primeira vez. Antes da retrospectiva começar é necessário arrumar uma sala pra fazer a retrospectiva e material como canetas, papel e post-its - um quadro seria muito bom.

Um exemplo de como dividir a retrospectiva, citado no livro Agile Coaching segue:
  • Revise o objetivo do encontro, e relembre a equipe das regras básicas (5 minutos)
  • Crie uma linha de tempo (15 minutos)
  • Pegue insights baseado na linha de tempo (15 minutos)
  • Selecione tópicos para focar (10 minutos)
  • Revise o progresso de ações prévias (5 minutos)
  • Gere idéias para melhorias (15 minutos)
  • Faça um planejamento de ações (15 minutos)

Esse formato é recomendável pra quem quer iniciar retrospectivas, mas usar o mesmo formato sempre não é interessante, pois se torna chato, tanto pra equipe quanto pro facilitador. Então, varie os formatos. Há vários formatos listados na wiki Agile Retrospective e podem ser encontrados em http://agileretrospectivewiki.org/index.php?title=Retrospective_Plans.

Diretriz Primária (Prime Directive)



Tratando-se de retrospectivas há algumas regras básicas, como em qualquer outra reunião, como: não usar computadores, colocar os telefones no silencioso, esperar a vez pra falar. Além das regras básicas há uma diretriz que é chamada de prime directive, que diz: "Independente do que nós descobrirmos, entendemos e acreditamos que todos fizeram o melhor que podiam, dado o que sabiam na época, seus conhecimentos e habilidades, os recursos disponíveis, e a situação em questão".

É claro que o mundo não é perfeito e as pessoas cometem erros. Apesar da diretriz primária parecer dizer que problemas não serão causados por indivídios, é bom deixar claro que as retrospectivas não são o melhor lugar para discutir problemas de perfomance dos membros. Retrospectivas devem focar em como melhorar o processo; caso a performance de algum indíviduo venha à tona, mude o foco de volta para as ações da equipe.

Rachel Davies e Liz Sedley recomendam que na primeira vez que for feita uma retrospectiva, seja colado na parede a prime directive e que você explique para a equipe o que ela significa.

Minha Tentativa Com O Mr. Squiggle



Ontem (20/05/2010) eu não esperava, mas o Gustavo Rezende me pediu pra fazer uma retrospectiva com os aspiras lá no NSI, sem preparar nada. Eu havia comentado com ele sobre essa técnica de desenhos e ele achou interessante e falou pra eu fazer. Bem, eu não havia preparado nada e era o fim de uma release de um projeto que os nossos aspiras estavam fazendo. Eles fizeram uma demonstração para o suposto cliente, que era o Ronaldo Amaral. Eles pecaram em várias coisas, mas era a primeira vez que eles trabalhavam em equipes e não conheciam as tecnologias e métodos ágeis 3 semanas atrás.

O interessante é que foi uma retrospectiva de fechamento, e no fim, eu usei os mesmos rabiscos que o Patrick Kua (porém numa disposição diferente): uma bolinha, uma reta na horizontal e outra na vertical.


Mr. Squiggle com Aspiras do NSI


Foi muito interessante ver que todos fizeram desenhos totalmente diferentes, mas que acabaram refletindo uma coisa só: o quanto eles tinha aprendido enquanto trabalhavam no projeto. Todos relataram sobre o quanto aprenderam, como foi o trabalho em equipe, como estudaram as tecnologias e etc. Como a idéia não era ter próxima iteração, pra mim não havia sentido fazer um planejamento de ações, porque o projeto que eles iniciaram iria parar ali. Mas Ronaldo achou melhor dar continuidade até na sexta-feira (mais 2 dias).

Pode parecer muito estranho de primeira, mas esse formato com desenhos funciona.

Checklist



No livro Agile Coaching há no fim de cada capítulo uma checklist que mostra os pontos principais pra executar com sucesso o que foi descrito no capítulo. No capítulo sobre retrospectivas a checklist se resume a:
  • Comece a retrospectiva olhando pro passado para entender o que aconteceu o o porquê. Dê tempo suficiente à equipe para contar a história inteira

  • Gaste a segunda metade da retrospectiva olhando pro futuro e decidindo o que irá no plano de ações

  • Procure por bad smells que estão atrapalhando a equipe a ser mais efetiva. Se as retrospectivas não estão melhorando o processo, pense em como você poderia melhorá-las

  • Ache os problemas que a equipe mais quer consertar. Use a votação por pontos para focar no que a equipe gastará suas energias

  • Não adicione mais ações durante a iteração antes da próxima retrospectiva. Até mesmo duas ou três ações terminadas a cada iteração podem causar um impacto significante por vários meses

  • Se as ações da última retrospectiva não foram finalizadas, procure saber os motivos antes de adicionar mais




Referências



O livro Agile Coaching é excelente, a maior parte do conteúdo do post é baseado no capítulo 13 dele. Há um livro só sobre retrospectivas, Agile Retrospectives. Tem um livro que eu nunca li, o Project Retrospectives, mas já fiz umas pesquisas no site deles, que por sinal tem um material muito bom.


Updates:

Adicionada foto dos desenhos feitos pelos aspiras na retrospeciva (Mr. Squiggle)